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terça-feira, 26 de maio de 2015

"MARIA": Clemência e Bondade

Veja como Nossa Senhora é sempre clemente com as misérias humanas:


Nossa Senhora é só bondade e compaixão; Sua vontade de nos salvar a ainda maior do que a Nossa própria
O autor dos Discursos sobre a Salve Rainha diz que Maria é a terra prometida pelo Senhor, na qual manava leite e mel.
Quer assim mostrar-nos de modo bem intuitivo a grande bondade dessa Rainha para conosco, miseráveis e deserdados.
São João acrescenta que Maria tem entranhas de tanta misericórdia, que merece ser chamada não só misericordiosa, mas a própria misericórdia.
Por causa dos infelizes foi Maria constituída Mãe de Deus e colocada para lhes dispensar misericórdia, ensina-nos S. Boaventura. Considera em seguida a imensa solicitude que ela tem para com todos os miseráveis, bem como a sua grande bondade que acima de tudo deseja socorrer aos necessitados.
Essa consideração lava o santo a dizer: Quando olho para vós, ó Maria, parece-me não ver mais a divina justiça, mas a divina misericórdia somente, da qual estais cheia.
Em suma, tanta lhe é a piedade que, como diz o Abade Guerrico, seu amoroso coração não pode cessar um momento de ser misericordioso conosco.
E que outra coisa pode jorrar de uma fonte de piedade, senão piedade? Pergunta S. Bernardo. Por isso, Maria foi chamada “uma bela oliveira no campo” (Eclo. 24, 19). Como da oliveira só sai o óleo, símbolo da misericórdia, também só graças e misericórdias destilam as mãos de Maria.
Temos por conseguinte, muita razão, para, com Luís da Ponte, chamá-la Mãe do óleo
da misericórdia.

Recorrendo, portanto, a essa Mãe para pedir-lhe o óleo da sua piedade, não podemos temer que no-lo recuse, como o negaram as virgens prudentes às loucas, dizendo-lhes: Para que não suceda faltar-nos ele a nós e a vós. Não; porque ela é muito mais rica deste óleo de piedade, previne Conrado da Saxônia.
Eis a razão por que a Igreja lhe chama não só de prudente, mas de prudentíssima.
Por aí compreendamos, diz Hugo de S. Vitor, que Maria é tão cheia de graça e de misericórdia, que tem como prover a todos, sem nunca ficar desprevenida.
Mas pergunto eu: Por que se diz que esta formosa oliveira está no meio do campo, e não antes no meio de um jardim bem murado?
Ouçamos a resposta do Cardeal Hugo: Para que possam facilmente contemplá-la e alcançá-la todos os necessitados. S. Antônio confirma esse belo pensamento ao dizer: Podem todos colher frutos de uma oliveira que está em campo aberto; e assim também podem todos recorrer a Maria, pecadores e justos, para obterem misericórdia.
Quantos castigos, continua ele, quantas sentenças e condenações, tem a Santíssima Virgem sabido revogar em benefício dos pecadores que a ela recorrem!
E que mais seguro refúgio, pergunta o piedoso Tomás de Kempis, podemos encontrar que não o compassivo coração de Maria? Aí o pobre acha abrigo, remédio o enfermo, alívio o aflito, consolo o atormentado e socorro o abandonado.
Pobres de nós, sem essa Mãe de Misericórdia, tão atenta e tão prestadia em socorrer as nossas misérias! Onde não há mulher – diz o Espírito Santo – geme e padece o enfermo (Eclo. 36, 37).
mulher é justamente Maria, conforme atesta S. João Damasceno. Sem ela só há sofrimento para o enfermo.
Realmente, querendo Deus que todas as graças se dispensem pelos rogos de Maria, onde eles faltam não haverá esperança de misericórdia. Tal foi a revelação que o próprio Senhor fez a
Santa Brígida.

Tememos talvez que Maria não veja ou não queira aliviar
nossas misérias?

Não: melhor do que nós delas tem ciência e compaixão. Cita-me um Santo que como Maria tanto se compadeça de nossas misérias! Ordena S. Antonino.
Onde vê misérias, não lhe sofre o coração deixá-las sem alívio de sua grande misericórdia. Essa sentença de Ricardo de S. Vítor é confirmada por Mendoza: Ó Virgem bendita, dispensais às mãos cheias vossa misericórdia, por toda parte onde descobris necessidades.
E nossa boa Mãe nunca se cansa nesse ofício de misericórdia, como ela mesma o confessa: E não deixarei de ser em toda a sucessão das idades, e exercitei diante dele o meu ministério na morada santa (Eclo. 24, 14).
O que assim comenta o Cardeal Hugo: Não deixarei até o fim do mundo de socorrer as misérias dos homens, e de rogar pelos pecadores, para que sejam salvos da condenação eterna.
Do imperador Tito conta Suetônio que tinha muito prazer em conceder as graças que se lhe pediam. No dia em que não tinha ocasião de conceder alguma, lastimava-se dizendo: Hoje foi um dia perdido para mim.
Tito assim falava, provavelmente, mais por vaidade ou por ambição de estima do que por verdadeira caridade.
Nossa Rainha, porém, se possível lhe fosse passar um dia sem dispensar algum favor, julgá-lo-ia perdido, tão grande é a sua caridade, o seu desejo de espalhar benefícios.
E até afirma o B. Bernardino de Busti, ela tem mais ânsia de nos fazer favores, do que nós temos o desejo de os receber. Por isso, continua o sobredito autor, sempre que a invocamos, a encontramos com as mãos cheias de misericórdia e liberalidade.
Figura de Maria foi Rebeca que, ao pedir-lhe água o servo de Abraão, respondeu que daria de beber não só a ele, mas também aos seus camelos (Gn. 24, 19). S. Bernardo, ponderando isso, volta-se a Maria e lhe diz: Ó Senhora, da plenitude do vosso cântaro daí de beber não só ao servo de Abraão, como aos seus camelos também.
Com outras palavras, quer o santo dizer: Ó Senhora, sois mais compassiva e liberal que Rebeca; não vos contentais em dispensar as graças da vossa imensa misericórdia aos servos de Abraão, figura dos que vos servem fielmente, mas quereis ainda concedê-las aos camelos que representam
os pecadores.

Como Rebeca, dá Maria mais do que se lhe pede. Nisso de liberalidade, diz Ricardo de S. Lourenço, tem a Mãe semelhança com o Filho, que, na frase de São Paulo, “é pródigo de graças para os que o invocam” (Rm. 10, 12).
Como acertou Guilherme de Paris ao exclamar: Senhora, rogai por mim, por que vós pediríeis com mais devoção do que eu, e me alcançareis assim de Deus graças maiores do que quantas eu mesmo peça!
*   *   *
Fonte: retirado do livro “Glórias de Maria” de Santo Afonso de Ligório.

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