A doutrina do Purgatório está intimamente ligada com a Santidade, pois é de fundamental importância para a perfeição cristã.
As almas que não completaram a sua devida purificação aqui na terra podem ainda entrar no Céu, limpas de toda mancha do pecado,“aliviadas pelos sufrágios dos fiéis, principalmente pelo sacrifício do altar” (Concílio de Trento)
Para compreender a doutrina do Purgatório, deve-se primeiro saber que a justificação não é apenas um perdão de Deus para nossas faltas, pelo que Ele nos cobre com um manto e finge não enxergar nossas misérias. Deus nos quer santos de verdade.
Neste sentido, as pessoas que se mostram abertas à sua graça vão, aos poucos, passando por uma verdadeira e íntima transformação ao ponto de, um dia, poderem dizer com São Paulo: “Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20).
Na vida dos santos, percebemos essa transformação pela manifestação das virtudes heroicas, sobretudo a caridade. Os santos são capazes de amar o próximo de uma forma evidentemente sobrenatural.
E, ao morrerem, eles estão aptos a comparecer diante da presença da perfeição infinita que é Deus, pois morrem na Sua plena amizade sobrenatural.
Bem diferente é a sorte dos mundanos. Se morrem em pecado mortal, a condenação é iminente.
Todavia, há aqueles que, embora estejam formalmente na graça santificante, não sanaram ainda as suas penas temporais em reparação à vida torta que levaram. Em outras palavras, essas pessoas têm a alma imperfeita e, por isso, não podem comparecer imediatamente na Casa Celestial.
Elas precisam de uma purificação. Daí a grande esperança do Purgatório, pois ele nos concede a entrada para o Céu, com a limpeza que não conseguimos completar no curso de nossas vidas terrestres.
Como afirma o Papa Bento XVI, “para alcançar a salvação, é preciso atravessar pessoalmente o ‘fogo’ para se tornar definitivamente capaz de Deus e poder sentar-se à mesa do banquete nupcial eterno” (Spe Salvi, n. 46).
De fato, o Purgatório não é um estágio entre o Céu e o Inferno. As pessoas que estão no Purgatório já estão salvas. Elas apenas precisam passar por essa última purificação antes de estarem com Deus.
E se nós as auxiliarmos com nossas orações e sacrifícios, elas poderão viver esse encontro ainda mais rápido.
Em suma, a Igreja nos exorta a buscar a santidade já aqui neste tempo, recorrendo a todos os meios disponíveis (oração, penitência e sacramentos), ao mesmo tempo que oferecemos nossa intercessão pelas almas do Purgatório, a fim de que elas tenham logo o encontro face a face com Deus.
Fonte: Reginal Garrigou_Lagrange./ O homem e a eternidade.
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